quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

10 Mulheres Brasileiras que se foram mas merecem ser lembradas – PARTE 2

     Apresento a vocês a parte final da listinha de incríveis brasileiras que fizeram história. 
     Se você perdeu a primeira parte, é só clicar aqui <Parte 1> e conferir a lista completa!
     Lembrando que a lista não segue um critério de ordem.
     Vamos lá?

6) LEILA DINIZ (RJ, 1945 – 1972)
     “Bagunçar o correto era com ela.” Diz um certeiro Xico Sá (Dez "vadias" históricas do Brasil) sobre a carioca que bagunçou os costumes do Brasil. Leila Roque Diniz, atriz, anos 60 e 70, mulher do futuro. Contexto histórico brasileiro: anos de chumbo. O elenco é composto por conservadores no cenário do regime militar, e eis que nesse palco sobe a nossa estrela, Leila Diniz, um sopro de alegria e liberdade em meio a tanta violência e repressão.
     Seu maior mérito foi dizer o que pensa numa época que mulheres não podiam pensar, muito menos dizer. E ela realmente não podava suas palavras para expressar paixões, vontades e esculachos. Em 1969 ela concedeu uma entrevista emblemática para O Pasquim (a qual já li várias vezes, entenda o motivo clicando aqui) granulada de astericos para camuflar os palavrões ditos na mais profunda sinceridade despreocupada da atriz.
     Leila é inspiração para tantas mulheres que se sentem aprisionadas pelos ditames da mulher-perfeita. Até os dias atuais perduram comentários sobre     Fulana que estava de biquíni na praia e chamou a atenção dos fiscais do corpo alheio de plantão, pois bem, Leila não dava a mínima para isso. Isso lá, em tempos que o corpo da mulher além de um bibelô para o mundo, era uma propriedade do Estado. E a danada fez o que? Pousou de biquíni na praia. Em plena ditadura. Grávida.
     Três gols pode pedir música no Fantástico Tadeu? Então manda aí, “Todas as Mulheres do Mundo” da Rita Lee, por favor!




7) PAGU (SP, 1910 – 1962)
       Provavelmente você já sabe que ela estava indignada no palanque, mas por qual motivo? Liberdade. E se tem alguém que foi tolhida de sua liberdade nessa lista, foi essa mulher. Nossa Patrícia Galvão foi presa mais de 20 vezes! Mas esse é seu mérito? Não, mas uma das consequências dele.
  Pagu foi escritora, jornalista, poeta, desenhista e diretora de teatro que podia até passar apática na história, se somado a todos esses atributos não estive um comportamento incompatível com o esperado para as mulheres nas décadas de 1930, 1940. Foi defensora do Manifesto Antropofágico juntamente com seu então marido, Oswald de Andrade. Como esse movimento cultural também incluía questionamentos políticos, Pagu não se esquivou de se enveredar por esse lado. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro durante o governo Getúlio Vargas, o que culminou na sua primeira prisão, sendo reconhecida como a primeira mulher brasileira a ser presa por motivos políticos.

     Pagu criticava o tradicionalismo da sociedade paulista da época e militava pela liberdade da mulher, mas nesse ponto com um toque especial. Para ela, o feminismo não se construía apenas pelo sucesso profissional da mulher, sua reflexão evoluiu implementando ao feminismo, a liberdade sexual. Também elaborou um estudo corajoso e empenhado sobre uma união de temas que até então não tinha despertado interesse em ninguém: condição das mulheres de periferias. 
     Extravagante,  divergente, fama de porra-louca, tudo bem. Pagu é uma daquelas musas que precisam ser conhecidas por trás da fama.


8) CELLY CAMPELLO (SP, 1942 – 2003)
     “Tomo um banho de lua, fico branca como a neve
      Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve..”
     Você leu cantando.  Mas agora pode estar se perguntando porque a garota do biquíni de bolinha amarelinha presenteada com um estúpido cupido está nessa lista. O motivo é simples e justo: Celly Campello é considerada a precursora do rock brasileiro. Mesmo que suas músicas sejam versões internacionais (costume da estilo) e até ingênuas, a paulista conquistou o título e convenhamos, são canções divertidas sim!
     Além de ser uma figura importante dentro da Jovem Guarda, de quebra a moça dava representatividade feminina dentro do novo movimento da juventude dos anos 60. Embalou vários sucessos que até hoje são conhecidos e, incontestavelmente, marcou o cenário musical brasileiro.
     E antes que surja a dúvida, a “mãe do rock” é assim reconhecida por Rita Lee e Wanderléa. Pois é, a propulsora do rock brasileiro não usava coturnos, mas sim lacinhos cor de rosa pra enfeitar.


9) CECÍLIA MEIRELES (RJ, 1901 – 1964)
     Uma das poetisas mais conhecidas da literatura brasileira também carimbou seu nome em terras estrangeiras. Apesar de se destacar como poeta, Cecília Meireles acumulava os talentos de professora, tradutora, pintora e jornalista.
Detalhes mais pessoas da sua vida eram conhecidos através de suas crônicas publicadas em jornais. Suas publicações em jornais mais polêmicas foram pelo ativismo educacional. E quem denuncia os problemas de opressão e patriarcado no acesso à educação já merece amor, carinho e nome na lista.
     Apesar de se declarar avessa à política, Cecília expressava críticas e opiniões destemidas em sua coluna diária nos anos 30, chegando a chamar o então presidente Getúlio Vargas de “Sr. Ditador”, e se manifestar contra o ensino religioso nas escolas, acusando o Ministro da Educação e Saúde de irresponsável por tal medida. Através de vários artigos, Cecília militou pela educação mista, a modernização e a liberdade nas escolas brasileiras. Foi fundadora da primeira biblioteca infantil do Brasil, em 1934, localizada em Botafogo no Rio de Janeiro.
     Em 1965 recebeu o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da sua obra. Dentre outras premiações está a homenagem de Doutora “honoris causa” pela Universidade de Delhi na Índia, por divulgar a cultura do país.
     Seja simbolismo ou modernismo, é fato que Cecília Meireles foi muito mais que uma peça de um movimento literário, seu legado a torna um símbolo de uma mente moderna e brilhante.


10)   ZILDA ARNS (SC, 1934-2010)
     No mundo real, assim seria uma fada madrinha para milhões de crianças e adolescentes: Zilda Arns. Fundadora da organização internacional Pastoral da Criança seu nome é presença garantida nas menções de mulheres ilustres, aqui e acolá.   
     A pediatra e sanitarista dedicou sua vida às ações solidárias. Sua missão era criar melhores condições de vida em comunidades mais pobres, colocando as famílias atendidas na posição de protagonista de suas transformações sociais. As políticas públicas em saúde e família promovidas por Zilda Arns conquistou milhares de voluntários que davam assistência à crianças, adolescentes e gestantes, reduzindo a mortalidade infantil e fornecendo meios para o desenvolvimento da infância e juventude.
     Ela faleceu atuando na sua missão quando expandia seu projeto no Haiti, em consequência de um violento terremoto que o país sofreu em janeiro de 2010. Por realizar um trabalho humanista de valor tão expressivo para a sociedade, foi indicada postumamente ao Nobel da Paz em 2011. Acontece que Zilda Arns era uma pessoa que lutava por pessoas, e seu catalisador era o amor. Só de ler sobre essa grande mulher o coração fica dócil.
     Zilda Arns era uma fada madrinha que usava sua varinha como batuta, acreditando que educação e instrução mantém a magia após o badalar da meia noite.

     Repito:não foi nadinha fácil selecionar apenas 10 mulheres! Elas estão por toda parte e por toda história, e com muita luta consegui chegar a esse resultado. A intenção era resgatar o legado de mulheres inspiradoras e admiráveis que muitas vezes ouvimos o nome e sabemos muito pouco. Como a lista diz, se foram, mas suas contribuições seguem presentes no nosso dia-dia.
     Gostaram da lista? 
     Algum nome que gostaria de ter visto aqui?
     Deixem sua opinião!

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Por Naara Morato 

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