terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Do Twitter para o Tapete Vermelho

Em 2014 a atriz e comediante Amy Poehler apresentadora do Golden Globes ao lado de Tina Fey (a dupla rendeu uma excelente e elogiada apresentação, diga-se de passagem) disparou essa aos repórteres: “ask better questions”, se referindo às perguntas destinadas às mulheres no tapete vermelho.


O que isso quer dizer? Quer dizer: façam perguntas melhores! Não se trata apenas da tradução, é o que realmente quer dizer. As celebridades que encaram entrevistas na mídia, com destaque para as transmissões internacionais dos tapetes vermelhos das premiações, acabam lidando com perguntas limitadas a seus vestidos, estilistas, fórmula do corpo perfeito, casamento, pretendentes, joias, estética e não são contempladas com perguntas relevantes sobre suas carreiras.


É maravilhoso esse Valentino desfilando em frente as câmeras? Uhum, de fato. Só não inverta os valores. O foco é essa mulher que está vestindo o Valentino e conquistou seu espaço com resultado dos seus esforços. Esse vestido está nela, e não o contrário. Quando esses mesmos profissionais são homens, as perguntas são direcionadas à projetos futuros, expectativas e opiniões. Por que raios esse nobre interesse fica estrito às mulheres? Perceberam a falha na comunicação?

A Amy Poehler percebeu e não deixou quieto. Do seu comentário surgiu a campanha no twitter   “Ask Her More” (ou "The Representation Project") que repercutiu com uma ótima aceitação. A atriz Reese Whiterspoon encorajou outras atrizes a participarem da campanha postando em seu twitter algumas perguntas que poderiam ser feitas quando as mulheres fossem entrevistadas, o famoso #FicaaDica. 

A mulherada abraçou a causa e apesar do apelo, algumas continuaram escutando as tais perguntinhas. Em troca elas propagaram um show de bofetadas com luva de pelica na imprensa preguiçosa. Vou postar apenas algumas, mas outras podem ser vistas nessas listas do Buzzfeed aqui e aqui(inglês).

Cate Blanchett para o cameraman do canal E! no SAG Awards em 2014.

Tu é scanner?
*Você faz isso com os caras?
Coletiva de imprensa para divulgação dos filmes "Os Vingadores". Scarlett Johansson, a única mulher entre os personagens heróis é questionada sobre a dieta que fez para caber no figurino da Viúva Negra.

Perguntinhas cretinas...
*Por que ele fica com as perguntas interessantes e eu tenho que falar sobre, sei lá, comida de coelho?
Elizabeth Moss no Golden Globes de 2014 quando perguntada sobre manicure e anéis.

Dispensa legendas hahaha
As mudanças estão acontecendo e a mídia precisa aceitar e se adaptar logo a essa nova perspectiva. Mulheres não são sua aparência! Somos seres com opinião E formadores de opinião, mais respeito, e nem peço por favor. Valorizem a trajetória das mulheres por seus méritos e não por seu guarda roupa. Dê a nós o que é de direito!

E falando em direitos, nesse Oscar 2015 rolou um acontecimento e não tem como ser ignorado:o discurso da Patricia Arquette vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação em Boyhood, defendendo a igualdade salarial para as mulheres:

"A todas que deram à luz neste país, a todas que pagam impostos, nós temos que lutar por direitos iguais para todos. Está na hora de termos salários iguais de uma vez por todas e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos"




Com essas falas a atriz foi uma das mais ovacionadas da noite. Para elucidar o problema vamos comparar o cachê do ator e da atriz mais bem pagos de Hollywood de 2014 segundo a revista a Forbes:

 Sandra Bullock - US$ 51 milhões x Robert Downey Jr. – US$ 75 milhões



Desconsiderando o absurdo desses valores, e considerando o absurdo dessa diferença, a coisa tá feia por todo lado, né? Nem um simplório Oscar no currículo da Sandrinha a deixou equiparada com o Homem de Ferro. Igualdade salarial é pauta de discussão até HOJE minha gente! Seja rico, seja pobre, o errinho sempre vem.

Uhum, sério Amy.
O discurso da Patricia Arquette é muito bem vindo e oportuno em vista da magnitude que um evento como o Oscar representa, possibilitando despertar o assunto em escala mundial. Ah, não pára por aí! Como foi lindo de se ver a musa e consagrada Meryl Streep vibrando com a surpreendente manifestação da vencedora! As duas concorriam na mesma categoria, e Meryl foi tão verdadeira ao se empolgar e ficar feliz pela “concorrente” que tornou o momento ainda mais inspirador!

Quem não quer ser amiga dessa mulher???
Mulheres vibrando pelo sucesso uma das outras, é sororidade purinha. É animador ver esse comportamento em um ambiente de concorrência e visado por uma multidão de espectadores. Teve união feminina sim, e mais uma prova foi a demonstração de afeto entre Emma Stone e Jennifer Aniston que também se consagrou entre os momentos memoráveis da noite de premiação.

Girls just want to have fun
Não atingimos o ideal, o nosso quórum na indústria cinematográfica ainda está em déficit, mas já temos avanços registrados que merecem ser aplaudidos. Não somos uma estrela de cinema, mas já tá passado o recado: para todas brilharem, só funciona se formos constelação.


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Por Naara Morato/Agridossiê

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Pipoca & Manteiga: Filmes indicados ao Oscar 2015

Carnaval passou, o ano "começou", e vamos ao que interessa: Oscar 2015! A cerimônia do tapete vermelho mais famoso do mundo acontecerá no próximo domingo, dia 22. Mas é claro que nós não perdemos tempo, separamos um final de semana, e fizemos uma árdua maratona dos longas indicados à melhor filme.
Então, senta que lá vem resenha.


Whiplash
Sobre não ser imparcial: JÁ GANHOU, JÁ GANHOU!
Dos oito indicados na categoria, definitivamente, foi o filme que mais me agradou e ganhou minha torcida.
O longa está na disputa por 4 estatuetas, e só digo um nome: J.K. Simmons. QUE ATUAÇÃO!
Esse lindo está concorrendo (por mim, já pode entregar via sedex) ao Oscar de melhor ator coadjuvante, e podia ganhar o prêmio de babaca do ano, também.
Resuminho rápido: Andrew Neiman (Miles Teller), é um estudante de bateria de um conservatório muito conceituado nos EUA. É recrutado pelo professor do capiroto, Terence Fletche (J. K. Simmons), que usa métodos autoritários com seus alunos, levando Andrew a superar seus limites, buscando a perfeição. Filme sensacional, com um desfecho digno de um vencedor do Oscar.
Nota: 10


Sniper Americano
Esse ano temos vários filmes biográficos concorrentes. Sniper é um deles, e um forte candidato a levar umas estatuetas pra casa. Para terem uma ideia do sucesso desse filme, a bilheteria é maior que de todos os outros filmes indicados juntos.
O filme é uma adaptação do livro "American Sniper", que conta a história real de Chris Kyle (Bradley Cooper, fortíssimo candidato ao Oscar de melhor ator), um atirador de elite da marinha americana. Chris ficou famoso por ter matado mais de 150 pessoas em combate, ganhando o apelido de "lenda". É um baita filmaço de envolver e deixar tenso até o final. Maaas, Cint Eastwood só deu uma pequena exagerada no patriotismo (o que não tinha como escapar) beirando a tantos outros filmes pós 11 de setembro. 
Nota: 8,75


Birdman
Sou apaixonada pela trilha sonora, pela fotografia, pela a ilusão do filme ter sido rodado em um take, pelo o elenco impecável. Acreditem, só consegui amá-lo quando o assisti pela segunda vez (segunda chance para o amor aplica-se em filmes). Birdman é um dos favoritos a levar o título de melhor filme de 2015 (está concorrendo à 9 Oscars).  Um drama com elementos cômicos, passando a mensagem de que a arte imita a vida. O longa conta a história de Riggan Thomson (Michael Keaton, que concorre ao Oscar de melhor ator) que fez sucesso interpretando um super-herói like a Marvel chamado Birdman. Sua carreira como ator começou a ir pro brejo, quando se recusou a estrelar o quarto filme do herói. Ele decide fazer teatro e estrelar uma peça para a Broadway. E é ai que a história desenvolve super bem, e sim, vale super a pena assistir. 
Nota: 9,75


Boyhood
Fiquei muito curiosa para ver esse filme por dois motivos: 12 anos para ser finalizado,  e por ter ganhado o Globo de Ouro. De fato, Richard Linklater (concorrendo a melhor diretor) mandou muito bem. O filme mostra o cotidiano de um casal divorciado e seus filhos. O filme percorre da infância à juventude dos meninos. Só. O filme tem quase 3hs de duração, sem grandes acontecimentos, nada acontece (apenas muito sono).
Nota: 3 - por conta da trilha que não é ruim. (Me julguem. Beijos)


O Jogo da Imitação
Mais uma cinebiografia. Trata-se da trajetória do matemático Alan Turing (Benedict Cumberbatch, está impecável no filme. Descobri outro dia que ele quem fez a voz do  Smaug ¬¬). O filme tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, o que já ganhou muitas estrelinhas. Alan integrou a equipe que quebrou o Enigma, o famoso código que os nazistas usavam para enviar mensagens aos submarinos, com a máquina que ele construiu. 
Ele apenas ganhou a guerra e inventou o primeiro computador. Mas, nem tudo, ou quase nada eram flores na vida desse gênio. O filme tem flashbacks que voltam para a infância de Alan, e flashforward pros anos 50, quando ele foi condenado por algo (botão "SPOILER" acendeu, então, não contarei) que era proibido na Inglaterra. Bom elenco. Destaque para Keira Knightley, que deu um ótimo equilíbrio para a personagem, suave, porém forte. Já o personagem de Charles Dance, está igual ao Lorde Tywin Lannister de GoT, autoritário e chato. A narrativa é bem simplificada, direção conservadora. É um longa bonito, mas nada de extraordinário.
Nota 8,5

A Teoria de Tudo
Eddie Redmayne! Eu já ando amando esse ruivo lindo desde The Pillars of the Earth (assistam). Eddie está perfeito como Stephen Hawking. Caracterização, atuação excelentes. Não me espanto se ganhar o Oscar de melhor ator. Aliás, minha total torcida.
O filme mostra a vida profissional e amorosa do gênio da física Stephen Hawking, diagnosticado com uma doença degenerativa quando tinha apenas 21 anos, até o lançamento do seu livro A brief History of Time. Stephen se casou e teve 3 filhos com Jane (Felicity Jones) que interpretou a personagem lindamente. A Teoria de Tudo não escapou dos seus erros. Maquiagem pecou muito na caracterização da Felicity Jones, que não mudou praticamente nada durante o filme (afinal, se passaram vinte anos de história), não enfatizou tanto a mente brilhante de Hawkings. O que é justificável, pois, o maior objetivo do filme, era justamente mostrar o lado humano, cheio de superações, apresentar o lado humorado e divertido de Stephen que poucas pessoas tinham conhecimento. Um filme bom, bonito e elegante.
Nota: 9


O Grande Hotel Budapeste
Sabe aqueles filmes que até a simetria é perfeita? Pois é. O filme já chama atenção pelo o elenco. E que elenco! Adrien Brody (lembram do Pianista?), Ralph Fiennes <3,  Edward Norton, F. Murray Abraham... Se tivesse alguma premiação para melhor escolha de elenco, O Grande Hotel levava fácil.
Resuminho rápido: É uma história dentro de outra história. E não, o filme não é confuso. Um escritor conta sobre sua estadia no hotel, conhece o dono do local, que conta como virou o dono do lugar. A partir daí, os personagens de Ralph Fiennes e Tony Revolori (hilário!) desenvolvem a história. Os cenários são lindos, cheio de cores, simetria toda perfeitinha, cinematografia funciona. Não concordo muuuito do fato desse filme ser o favorito, mas merece a indicação.
Nota:8


Selma
É o Oscar da cinebiografia. Sim, ou com certeza? E não, Selma não é uma personagem da Oprah no filme (hehehe). O filme relata muuuito bem, as históricas marchas lideradas pelo pastor e ativista social Martin "fucking" Luther King<3 em 1965, entre a cidade de Selma, no Alabama, até Montgomery, pelos direitos eleitorais iguais. Ao contrário das demais biografias que viraram filmes e mostram seus protagonistas pelo lado da emoção, Selma mostra o lado político, centrado e articulado de Luther King.
Infelizmente, o filme não teve muito destaque como as outras cinebiografias, só está concorrendo à dois Oscars. David Oyelowo merecia estar concorrendo a melhor ator. A cena final só deixa clara isso. O filme concorre na categoria de "melhor canção original" com a música Glory do John Legend, a favorita ao prêmio. A trilha sonora é perfeita e merecia estar entre as indicadas da categoria também. A fotografia é um das mais bonitas que já vi. O filme tem pontos altos nos momentos certos. (eu tô apaixonada pelo final do filme, sério). Emocionante, é daqueles filmes que você o toma como lição de vida e sai do cinema sorrindo.
Nota: 11 <3


E quais são suas apostas para o Oscar 2015?
Conte-nos e aproveitem para deixar seus votos na enquete do blog! 


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Por Rose Monteiro/ Agridossiê

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Sorteio: The Winter is Coming...E quero estar vestido.

Depois de críticas, haters, "encheção de linguiça" e sigo-amando na última temporada, assim como o inverno, Game Of Thrones está chegando! (aeeeeeee \o/)

A HBO liberou o trailer oficial com direito a "Heroes" de David Bowie,  e já mostrou que a quinta temporada da série vai ser movida à justiça, vingança e muita treta, digno de Tio Martin.

Enquanto o dia 12 de Abril não chega, nós do Agridossiê que somos fã da série, já entramos no clima dos Sete Reinos.  
Em março, o blog fará uma super promoção para os fãs de GoT! Maaas, enquanto esse  momento não chega, iremos fazer um sorteio relâmpago de uma camiseta!

Tô pra jogo

Regulamento.
Para concorrer é muito simples, basta:

1) Curtir a  fanpage do Agridossiê.
2) Clicar na aba "Promoções" (lateral esquerda) e depois em "Quero Participar".

Pronto! Você tá dentro! :)

O sorteio acontecerá no dia 27/02/2015 e o ganhador será anunciado na nossa página do Facebook.


*Avisamos que a camiseta é tamanho G, e a estampa é a mesma da foto.Se não for seu tamanho, customize, emoldure, dê de presente. Dê pra mim.

Good luckLadies and Gentlemen!
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Equipe Agridossiê

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

10 Mulheres Brasileiras que se foram mas merecem ser lembradas – PARTE 2

     Apresento a vocês a parte final da listinha de incríveis brasileiras que fizeram história. 
     Se você perdeu a primeira parte, é só clicar aqui <Parte 1> e conferir a lista completa!
     Lembrando que a lista não segue um critério de ordem.
     Vamos lá?

6) LEILA DINIZ (RJ, 1945 – 1972)
     “Bagunçar o correto era com ela.” Diz um certeiro Xico Sá (Dez "vadias" históricas do Brasil) sobre a carioca que bagunçou os costumes do Brasil. Leila Roque Diniz, atriz, anos 60 e 70, mulher do futuro. Contexto histórico brasileiro: anos de chumbo. O elenco é composto por conservadores no cenário do regime militar, e eis que nesse palco sobe a nossa estrela, Leila Diniz, um sopro de alegria e liberdade em meio a tanta violência e repressão.
     Seu maior mérito foi dizer o que pensa numa época que mulheres não podiam pensar, muito menos dizer. E ela realmente não podava suas palavras para expressar paixões, vontades e esculachos. Em 1969 ela concedeu uma entrevista emblemática para O Pasquim (a qual já li várias vezes, entenda o motivo clicando aqui) granulada de astericos para camuflar os palavrões ditos na mais profunda sinceridade despreocupada da atriz.
     Leila é inspiração para tantas mulheres que se sentem aprisionadas pelos ditames da mulher-perfeita. Até os dias atuais perduram comentários sobre     Fulana que estava de biquíni na praia e chamou a atenção dos fiscais do corpo alheio de plantão, pois bem, Leila não dava a mínima para isso. Isso lá, em tempos que o corpo da mulher além de um bibelô para o mundo, era uma propriedade do Estado. E a danada fez o que? Pousou de biquíni na praia. Em plena ditadura. Grávida.
     Três gols pode pedir música no Fantástico Tadeu? Então manda aí, “Todas as Mulheres do Mundo” da Rita Lee, por favor!




7) PAGU (SP, 1910 – 1962)
       Provavelmente você já sabe que ela estava indignada no palanque, mas por qual motivo? Liberdade. E se tem alguém que foi tolhida de sua liberdade nessa lista, foi essa mulher. Nossa Patrícia Galvão foi presa mais de 20 vezes! Mas esse é seu mérito? Não, mas uma das consequências dele.
  Pagu foi escritora, jornalista, poeta, desenhista e diretora de teatro que podia até passar apática na história, se somado a todos esses atributos não estive um comportamento incompatível com o esperado para as mulheres nas décadas de 1930, 1940. Foi defensora do Manifesto Antropofágico juntamente com seu então marido, Oswald de Andrade. Como esse movimento cultural também incluía questionamentos políticos, Pagu não se esquivou de se enveredar por esse lado. Filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro durante o governo Getúlio Vargas, o que culminou na sua primeira prisão, sendo reconhecida como a primeira mulher brasileira a ser presa por motivos políticos.

     Pagu criticava o tradicionalismo da sociedade paulista da época e militava pela liberdade da mulher, mas nesse ponto com um toque especial. Para ela, o feminismo não se construía apenas pelo sucesso profissional da mulher, sua reflexão evoluiu implementando ao feminismo, a liberdade sexual. Também elaborou um estudo corajoso e empenhado sobre uma união de temas que até então não tinha despertado interesse em ninguém: condição das mulheres de periferias. 
     Extravagante,  divergente, fama de porra-louca, tudo bem. Pagu é uma daquelas musas que precisam ser conhecidas por trás da fama.


8) CELLY CAMPELLO (SP, 1942 – 2003)
     “Tomo um banho de lua, fico branca como a neve
      Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve..”
     Você leu cantando.  Mas agora pode estar se perguntando porque a garota do biquíni de bolinha amarelinha presenteada com um estúpido cupido está nessa lista. O motivo é simples e justo: Celly Campello é considerada a precursora do rock brasileiro. Mesmo que suas músicas sejam versões internacionais (costume da estilo) e até ingênuas, a paulista conquistou o título e convenhamos, são canções divertidas sim!
     Além de ser uma figura importante dentro da Jovem Guarda, de quebra a moça dava representatividade feminina dentro do novo movimento da juventude dos anos 60. Embalou vários sucessos que até hoje são conhecidos e, incontestavelmente, marcou o cenário musical brasileiro.
     E antes que surja a dúvida, a “mãe do rock” é assim reconhecida por Rita Lee e Wanderléa. Pois é, a propulsora do rock brasileiro não usava coturnos, mas sim lacinhos cor de rosa pra enfeitar.


9) CECÍLIA MEIRELES (RJ, 1901 – 1964)
     Uma das poetisas mais conhecidas da literatura brasileira também carimbou seu nome em terras estrangeiras. Apesar de se destacar como poeta, Cecília Meireles acumulava os talentos de professora, tradutora, pintora e jornalista.
Detalhes mais pessoas da sua vida eram conhecidos através de suas crônicas publicadas em jornais. Suas publicações em jornais mais polêmicas foram pelo ativismo educacional. E quem denuncia os problemas de opressão e patriarcado no acesso à educação já merece amor, carinho e nome na lista.
     Apesar de se declarar avessa à política, Cecília expressava críticas e opiniões destemidas em sua coluna diária nos anos 30, chegando a chamar o então presidente Getúlio Vargas de “Sr. Ditador”, e se manifestar contra o ensino religioso nas escolas, acusando o Ministro da Educação e Saúde de irresponsável por tal medida. Através de vários artigos, Cecília militou pela educação mista, a modernização e a liberdade nas escolas brasileiras. Foi fundadora da primeira biblioteca infantil do Brasil, em 1934, localizada em Botafogo no Rio de Janeiro.
     Em 1965 recebeu o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da sua obra. Dentre outras premiações está a homenagem de Doutora “honoris causa” pela Universidade de Delhi na Índia, por divulgar a cultura do país.
     Seja simbolismo ou modernismo, é fato que Cecília Meireles foi muito mais que uma peça de um movimento literário, seu legado a torna um símbolo de uma mente moderna e brilhante.


10)   ZILDA ARNS (SC, 1934-2010)
     No mundo real, assim seria uma fada madrinha para milhões de crianças e adolescentes: Zilda Arns. Fundadora da organização internacional Pastoral da Criança seu nome é presença garantida nas menções de mulheres ilustres, aqui e acolá.   
     A pediatra e sanitarista dedicou sua vida às ações solidárias. Sua missão era criar melhores condições de vida em comunidades mais pobres, colocando as famílias atendidas na posição de protagonista de suas transformações sociais. As políticas públicas em saúde e família promovidas por Zilda Arns conquistou milhares de voluntários que davam assistência à crianças, adolescentes e gestantes, reduzindo a mortalidade infantil e fornecendo meios para o desenvolvimento da infância e juventude.
     Ela faleceu atuando na sua missão quando expandia seu projeto no Haiti, em consequência de um violento terremoto que o país sofreu em janeiro de 2010. Por realizar um trabalho humanista de valor tão expressivo para a sociedade, foi indicada postumamente ao Nobel da Paz em 2011. Acontece que Zilda Arns era uma pessoa que lutava por pessoas, e seu catalisador era o amor. Só de ler sobre essa grande mulher o coração fica dócil.
     Zilda Arns era uma fada madrinha que usava sua varinha como batuta, acreditando que educação e instrução mantém a magia após o badalar da meia noite.

     Repito:não foi nadinha fácil selecionar apenas 10 mulheres! Elas estão por toda parte e por toda história, e com muita luta consegui chegar a esse resultado. A intenção era resgatar o legado de mulheres inspiradoras e admiráveis que muitas vezes ouvimos o nome e sabemos muito pouco. Como a lista diz, se foram, mas suas contribuições seguem presentes no nosso dia-dia.
     Gostaram da lista? 
     Algum nome que gostaria de ter visto aqui?
     Deixem sua opinião!

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Por Naara Morato 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Música: Da Janela

Não se enganem com a leveza da melodia da bela "Da Janela": ela tem uma letra pesada sobre opressão, sobre a história vivida por mulheres ao longo dos séculos. 

"Ela fechou os olhos e ouviu
Todas as mentiras que diziam
Chamando-a de vulgar e desprezível
Por não fazer o que queriam
Ela não tinha o que fazer
Pois precisava de permissão"

"Da Janela" nos mostra o sistema que dita moralidade, regras, que cala e aponta o dedo para o comportamento da mulher, para que ela não tenha autonomia sobre o próprio corpo, sobre a própria maneira de pensar.

"Ela fechou os olhos e ouviu
Todas as mentiras que diziam
Chamando-a de vulgar e desprezível
Por não fazer o que queriam
Ela não tinha o que fazer
Pois precisava de permissão
Diziam que seu corpo não era seu
Que perguntar demais a deixava doente
E que devia sua carne e sua mente
Ao que chamavam de um deus
Ela não tinha o que temer
Pois não precisava ter opinião"

"Da Janela" é uma história dentro de várias histórias que todas vivemos todos os dias, que perpetua medo, insegurança e silêncio.

"Até mesmo a sua mãe
E todas as outras suas mães
Que só queriam o seu bem
Diziam aquilo também
Ela não tinha o que fazer
Pois precisava de permissão
Para dizer sim ou não
Daqui até morrer"

Mas "Da Janela" também não deixa de ser uma bela homenagem àquelas mulheres que conseguem se desvencilhar do incômodo obscurantismo de não ter opinião. Mas, para tanto, é preciso abrir as janelas para iluminar o caminho do questionamento desconfortável. Quem acha que somos livres, é porque nunca abriu a janela o suficiente para se chocar contra as grades.

"Mas ela era má e não queria aprender
Aquilo que determinaram ser o certo a se fazer
Abriu sua janela sem saber o andar
E decidiu que a partir dali aprenderia a andar"


“Da Janela” é a segunda música de um projeto brasileiro novíssimo chamado IFall. Totalmente escrito, executado e produzido por Caio Duarte.
Página do Facebook: https://m.facebook.com/ifallart


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