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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Mamãe, quero ser uma Suicide Girl!

Vocês conhecem o site Suicide Girls, certo?​ ​A proposta inicial era mostrar ​fotos sensuais de ​meninas com tatuagens, piercings, cor de cabelo e estética considerada "alternativa". Dizem que o propósito é mostrar estilos de vida alternativos, as personalidades de mulheres corajosas e admiráveis, como indivíduos fortes, confiantes e com atitude, e, assim, ​contestar os padrões de beleza​. O que soa até interessante, se a gente não soubesse que ​é apenas uma excelente descrição para ​explorar a pura e simples pornografia.


Eu tenho muitas tatuagens, logo existo.


Mas qual o problema com a pornografia?​ É até empoderador tirar a roupa, mostrar para a sociedade que a nudez não é ofensiva, não é? O problema é a forma como essa nudez é vendida. Porque parece que ela só não é ofensiva quando se está dentro de um padrão. "Nossa, Hell, mas olha o nome do site. As minas cometeram "suicídio social". Elas são diferentes do padrão, são alternativas". É mesmo? O que é ser alternativo hoje em dia? É ter tatuagem, piercing e cabelo colorido?​ ​Sério mesmo?





Outro ponto hilário é o de "redefinir a beleza feminina." Ah! Por favor! Basta dar uma rápida olhada no site​ ​das SG para perceber que​ ​95% (ou mais) das meninas que estão​ ​ali​ ​seriam​ ​consideradas​ ​bonitas​ ​por qualquer pessoa, poderiam facilmente posar para qualquer revista de moda. É claro, pois essa maioria tem​ ​o padrão eurocêntrico de beleza, ou seja, nada além do inverso do que vendem.


Migas, vocês estão gordas. Aqui só pode magrinha. Mas é que a gente defende a beleza diferente.
Há poucos dias eu vi um ensaio aqui de mulheres obesas nuas. E eu inventei de ler os comentários (sempre me arrependo quando faço isso) e o que vi foi um verdadeiro derrame de chorume. Aquele ensaio realmente incomodou as pessoas a ponto delas exalarem ódio. As pessoas diziam que aquilo era horrível, que o ensaio era ridículo, que ultrapassava todos os limites, pediram para tirar do ar e daí pra baixo. Vejam, eram mulheres obesas sendo fotografadas nuas. Com seios, barriga e celulite à mostra. E aquilo incomodou de um tanto as pessoas, principalmente homens, a ponto deles sentirem nojo.




Isso é o transgressor para mim. Porque as pessoas são tão bitoladas em seguir e manter o padrão, que qualquer coisa que fuja a isso se torna motivo de ódio. Para mim, a arte tem sim que incomodar, senão vira nada mais que um ensaiozinho comum e fútil que dita como você deve ser.

Portanto, se você acha muito transgressor a mocinha magra, branca, cheia de tatuagens e piercings posando nua, saiba que ela só está sendo mais uma pecinha no muro. Isso pode ter sido transgressor há algumas décadas. Desconfio até que a beleza esteja associada à novidade. Hoje este tipo de ensaio não passa de reforçador de estereótipos que permanece a objetificar a mulher.

E sabem por que objetifica? Os mesmos que exaltam a beleza destas mulheres, são os que as chamam de “vadias, putas e que só servem pra comer”, desrespeitam e criticam como nada além de meros pedaços de carne prontas a serem consumidas. Critica-se a MORAL das moçoilas.




E o SG consegue vender sua ideia de maneira tão eficaz que a cada dia sua popularidade aumenta. São meninas ansiosas para serem consideradas "bonitas", "de atitude" e "únicas". O que é uma falsa ideia de libertação, já que uma mulher realmente confiante não precisa de exposição online para receber aplausos virtuais e reafirmar - com base em opiniões do tipo "gostosa" - que realmente é sexy, sensual e "de atitude".

Engolem uma falsa ideia de "liberação sexual" das mulheres, que não é nada mais que um feminismo disfarçado de machismo (aliás, esse é o único momento que vejo os homens gritando: "Liberem-se, mulheres!"). Como podemos conseguir fazer a sociedade parar de nos olhar como meros objetos sexuais atuando como... objetos sexuais? Isso é realmente liberdade?


Hummm... rosinha, do jeito que eu gosto!
É uma armadilha muito grande que as meninas caem. Eu até creio entender: as vezes, a insegurança e carência delas é tão grande que elas acham que vão curar, mesmo que superficialmente, com os comentários alheios. Elas não veem que a mudança vem de dentro. Então é muito mais fácil investir em artifícios físicos do que se conhecer, e alimentar o intelecto com novos conhecimentos e opiniões.


Mim deixa, são meus 15 segundos de fama!
Enfim, por décadas mulheres lutaram para se alcançar a igualdade de gênero, diminuindo o machismo que nos deu valor algum senão como meros pedaços de carne. Uma luta para sermos respeitadas como pessoas, por nossas mentes e nossos valores éticos, e não apenas como ornamentos.

Lutou-se inclusive para que mulheres pudessem expressar sua livre sexualidade. Liberdade, a meu ver, é desconstruir, abalar padrões - neste caso, os de beleza, mas no SG, só pode haver nudez se o objeto for bem definido. Onde pode haver liberdade onde o corpo é minuciosamente criticado: se ela não estiver dentro de um padrão eurocêntrico de beleza, ela é considerada lixo, não pode posar. Porque mulheres, afinal, só servem para enfeitar. Analisam até a cor do mamilo e do ânus! Liberdade imposta não é liberdade, é opressão.

Liberdade é afrontar o que é esperado. Mas no SG, espera-se que a mulher seja de tal maneira, pose de tal forma, seja de tal padrão. Tudo muito bem definido. Como eu disse, há uma década era afronta. Hoje, as minas que cometeram “suicídio social” não passam de pseudo-pinups decadentes. Está na hora de mudarem de nome.


"A maior beleza está no corpo livre, desinibido em seu jeito de ser, gracioso porque todo ser vivo é gracioso quando não vive oprimido e com medo. É a livre expressão de nossos humores, desejos e odores; é o fim da culpa e do medo que sentimos pela nossa sensualidade natural; é a conquista do direito e da coragem a uma vida afetiva mais satisfatória; é a liberdade, a ternura e a autoconfiança que nos tornarão belas. É essa a beleza fundamental.” - Maria Rita Kehl

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Por Hell/Agridossiê

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